Tornando as culturas resistentes à seca com policulturas

Três anos atrás assistimos no YouTube uma palestra de Gabe Brown, um fazendeiro de Dakota do Norte (EUA) que nos inspira muito. Ele é um dos nossos “heróis agrícolas”.

Nesta palestra ele conta de um experimento com adubos verdes diversos: cada canteiro recebeu um tipo de planta.

Bateu uma seca recorde e todos morreram, com a exceção do último canteiro onde todos os tipos de adubo verde tinham sido semeados juntos. Este canteiro estava verde!

Ele depois fez o depoimento que ele é o único fazendeiro da região que ainda tem colheitas, mesmo nas maiores secas, por utilizar policulturas.

Isto nos inspirou de experimentar com policulturas nos campos de areia branca onde estava sendo muito difícil estabelecer pastos por causa das longas épocas de seca.

Escolhemos áreas com uma cobertura boa de plantas lenhosas (nenhuma delas forrageira), e passamos a grade de leve.

Uma mistura de sementes maiores foi jogada: milho (catetinho, resistente à seca), girassol, feijão de corda.

A grade foi passada de novo, e depois as sementes pequenas foram jogadas: capim, nabo forrageiro, chia, gergelim, amaranto, etc.

(Isto tem de ser feito nas chuvas para as sementes infiltrarem na terra já revolvida. Se não, os passarinhos comem tudo!)

Os resultados foram encantadores! Colhemos muito feijão de corda, uma quantia razoável de milho, um pouco de girassol. O nabo prosperou e criou uma cobertura de massa fina que protegeu o capim, que nasceu mais tarde.

Mesmo que a colheita de milho fosse menor do que teria sido se plantado e capinado, o LUCRO foi maior porque foi praticamente sem a necessidade de mão de obra: uma das maiores despesas na agricultura. Eu e Luis Carlos semeamos dois hectares em uma manhã, antes do almoço.

E o pasto estava implantado! Todos estes pastos sobreviveram o primeiro verão, e estão podendo ser pastados. A venda de animais é a melhor fonte de renda para nossa região seca, assim dobrar a quantidade de pastos de qualidade é enorme para nós!

Era nossa intenção fazer estas plantações em todos os campos restantes em abril, mas infelizmente este ano (2023) as chuvas estão demorando a chegar: estamos no dia 20 de maio e ainda não tivemos chuva o suficiente para plantar os campos.

Mas temos confiança que estes campos com biodiversidade, uma vez implantados, vão resistir melhor à seca, especialmente se for um ano ruim de chuvas…

(As chuvas chegaram dia 23 de maio, e os campos foram semeados!)